sábado, 5 de dezembro de 2009

O acesso deve melhorar

Álvaro Damini, acadêmico de Jornalismo, VII nível.

Ir ao cinema é quase um evento. As pessoas se preparam, se deslocam da própria casa até uma sala, compram o bilhete, sentam em uma cadeira e através da grande tela acompanham produções internacionais ou nacionais. A modernidade e a tecnologia ainda não influenciaram esse hábito cultivado através de gerações. E o comportamento dos freqüentadores quase não se alterou, mesmo com o passar dos anos.
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Mas quando olhamos para a realidade e nos focamos no relato acima podemos nos perguntar: quantas pessoas tem, de fato, acesso ao que um dia passou a se chamar de sétima arte? As salas de cinema no Brasil sofreram uma redução significativa nas últimas décadas. Hoje são pouco mais de duas mil, concentradas em cidades grandes ou médias. A grande maioria dos municípios brasileiros sequer dispõe de uma sala de cinema. Milhões de pessoas nem sabem o que é sentar em uma poltrona específica para assistir um filme. Aliado a isso, nos municípios onde existem salas para projeção, o preço do ingresso nem sempre é convidativo. Mais um impedimento para elevar o número de frequentadores nos cinemas do país.
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Desde a invenção, historicamente ligada aos irmãos Lumière, na França, no final do século XIX, passando pela industrialização do cinema mudo e preto-e-branco, chegando às películas coloridas e profissionalização da produção em grande escala, até os dias atuais com auxílio da computação gráfica, o cinema foi se fortalecendo. Grandes festivais como o Oscar, Globo de Ouro, Cannes, Veneza e Berlim premiam os melhores enredos, atores, atrizes, diretores. Temos também a nossa versão de glamour, com o Festival de Cinema de Gramado. Mas tudo isso, todo esse cenário não passa de um "desconhecido" ilustre e longe de se revelar para boa parte da população brasileira.
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Algumas ações tem sido feitas. Existem programas culturais, incentivados e bancados por verbas governamentais ou de empresas privadas, que tentam levar o cinema a populações carentes e a municípios que estão listados entre os que não tem salas para exibição de filmes. Recentemente o governo federal lançou o vale cultura, onde trabalhadores de empresas que aderem ao programa podem receber um valor mensal para acompanharem atividades culturais. E, entre essas atividades está incluído o cinema. A iniciativa é bem vinda, mas ainda é muito pouco para um país que quer figurar entre as nações desenvolvidas.
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Embora quando se pense em cinema, venha logo à tona "Hollywood", suas grandes produções, orçamentos milionários, a produção de conteúdo nacional cresceu em número e qualidade. Novamente com injeção de recursos privados, o cinema nacional pode dar um salto. Ainda está longe da realidade norte-americana, mas observa-se a evolução sem sombra de dúvidas. Só que produção grande, com poucas salas parece ser mais um equívoco. Como afirmou recentemente o cineasta Bruno Barreto, o Brasil precisa de mais salas e não de mais filmes.
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Acredito que um esforço concentrado entre todos os governos (federal, estaduais e municipais) e a iniciativa privada, possa elevar o número de salas de cinema à disposição da população. Vai ser preciso união e muito esforço, mas somente desta forma o quadro pode mudar. Podem-se manter as atuais salas, reduzindo o preço cobrado pelos ingressos, e também criar salas populares, eventualmente mantidas pelos municípios ou centros universitários. Ainda estamos muito longe do ideal, mas com força de vontade é possível.
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