Dulci Sachetti*
Tratar de moda retrô implica falar sobre estilo. Definitivamente o vai e vem da moda não caracteriza o retrô, isso são repaginações, influências, inspirações e tendências para o atual. Vestir-se retrô ou retrogradamente, já que o sufixo originário do latim indica passado, significa adotar um modo de se vestir de acordo com determinada época, onde as roupas associadas aos penteados, acessórios e atitudes que foram as características das pessoas demonstre a opção do tempo passado.
Agora, guardar roupas antigas e afirmar que daqui dez anos serão moda outra vez e que se curte e se adota um estilo retrô é falácia. Sim, porque as tendências que chegam para o “moderno” carregam apenas alguns simbolismos, aspectos que lembram de longe – bem de longe – os estilos veteranos. As características físicas como tecidos e cores mudam, o corte e a justeza, assim como as características psicológicas e morais como ousadia e permissividade também, adequando-se à vanguarda e realidade social contemporânea.
Tomando por base a década de 50 ou “Anos dourados” com o período de transição da guerra, surgimento do Rock Presley, chegada da televisão e apogeu do cinema, houve uma revolução do comportamento, abrindo-se espaço para o atrevimento, movimentos feministas e trajes de banho. Aqui, cabe dizer que se uma garota usa na praia como maiô o que hoje é considerando vestido, realmente ela se adequa ao estilo retrô anos 50. Nos anos 60 não só Neil Armstrong chega à lua, também Lucy ao céu com diamantes e toda a ala jovem com a moda “sexo, drogas e Rock’n Roll”; tem-se o Woodstock e o “paz e amor”, Beatles, Rolling Stones e Celly Campello com o traje de banho que diminuíra “Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho, mal cabia na Ana Maria”. A década de 70 começa pelos diversos Rock’s, progressivo, glam, hard. Vêm os embalos de sábado à noite, discotecas e passinhos ensaiados. É a década de ruptura total; uma quebra que resulta no dance, pop, brega, assumidos pelos jovens como meio de identificação ao ritmo relegado e efetivado nas vestimentas; pluralidade que se mantém até hoje, mas sem representar que todos curtindo tudo são “estilo setentista” . Calças boca de sino para os homens, vestidos cada vez mais curtos para as mulheres e para ambos sapatos plataformas. Na década de 80 o colorido e o corpo perfeito tomam conta e consequentemente as roupas de ginástica justas, polainas, all star e o exagero. Para a música surge o movimento New Wave e o Heavy Metal como vertente do Rock e Raul Seixas "hey anos 80, charrete que perdeu o condutor". Esse colorido nada tem a ver com a política colorida atual, ressalva-se.
Foto: Jamile Trichês |
Falar dessas quatro décadas significa atrelar toda a conjuntura da época à estilos, música, cultura e moda. Encontrar-se ou identificar-se com qualquer um deles é natural, até mesmo pela simpatia a alguns dos elementos citados, mas meras inspirações. Categorizar-se num estilo retrô autêntico sugere que se use e assuma um conjunto de simbolismos caracterizadores como única opção de vestimenta, um tanto raro, mas possível e que geralmente é medido como estranho, diferente ou retrógrado.
E o agora? O que fica sobre a década? Moda futurista, Lady Gaga e você aí...
*Dulci Sachetti é acadêmica do Curso de Jornalismo, V nível.
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