Mateus Miotto*
Outro dia eu ouvi
alguém dizer: “O meu dia tinha que ter umas 40 horas, não 24”. Este é o
reflexo da correria em que a população de cidades em pleno desenvolvimento
enfrentam. Passo Fundo, segundo dados do Governo Do Estado, é a 16° cidade no
ranking de desenvolvimento. Mas desenvolvimento requer trabalho, requer tempo.
Em Passo Fundo a maioria da população trabalha no comércio e no centro
da cidade. Grande parcela destes trabalhadores moram mais afastados há pelo
menos 20 minutos de ônibus.
Com intervalos de
almoço com no máximo 1 hora e meia, fica difícil despender 40 minutos só na
viajem de ida e volta para casa. Isso, somado ao tempo de preparo do almoço
torna inviável retornar para casa ao meio dia. A solução encontrada é comer nos
inúmeros restaurantes espalhados pela cidade. O problema é que nem sempre o que
é servido é exatamente o que deveríamos comer.
Quem, após meio dia de trabalho, se contentaria em comer frutas,
verduras e um suco natural, diante de um buffet completo? É, exatamente....
Foto: Tatiane Santi |
A mídia culpa as
pessoas, os médicos dão as recomendações. Todos apontam para um culpado: quem
ingere alimentos gordurosos. Mas, a meu ver, o sistema frenético que todos nós
enfrentamos é o grande vilão. Sem tempo e com níveis de ansiedade acima do
normal, fica difícil saciar a ânsia em alguma coisa de coloração verde. A
solução é buscar refúgio na chamada “comida amarela” a comida gordurosa.
Mas então a culpa é
unicamente da falta de tempo? E se eu tiver uma jornada menor, por que então é
ainda difícil me alimentar de forma correta? Outro importante fator, que a
imprensa não observa com importância, é o preço dos produtos naturais.
Nos
mercados qualquer coisa não industrializada custa caro. Um simples pé de alface
custa R$1.50.. Laranjas, mamão e outras frutas custam bem mais que algum
industrializado custaria. É só prestar a atenção. Comer de forma saudável custa
caro, bem mais caro. Aveia e cereais, de suma importância para a saúde, são os
campeões de preço. O quilo deste produto chega a custar mais de R$10,00, um
desestimulo á compra de quem está começando a descobrir o mundo natural.
Problemas que o governo
não vê, problemas que a mídia não se dá conta. É muito fácil criticar quem está
acima do peso dizendo: ele só come porcaria. Mas infelizmente o sistema atual
força a maioria das pessoas a comerem algo rápido, barato e que sacie. O
sistema força as pessoas a comerem algo que realmente não é saudável. Tudo tem um preço, mas toda
essa comida amarela, gordurosa, um dia cobrará seu preço. Este preço,
infelizmente, será mais caro que qualquer lanche já pago, será a nossa saúde.
*Mateus Miotto é aluno do curso de Jornalismo da UPF, VI nível.
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