sexta-feira, 3 de junho de 2011

Entre a fé e o extremo

Marcus Freitas*
Quando racionalidade e religião entram em colapso

Humanos são fracos. Não podemos alcançar grandes velocidades, a força é limitada, não possuem pele ou uma camada de pelos resistentes, não têm asas, enfim, perdem para a maioria dos animais existentes. O que nos difere dos outros animais é capacidade de pensar, este é o fator que permitiu a evolução, garantiu o topo na cadeia alimentar e a permanência da nossa espécie na terra. Devido a esta característica construímos cidades, obras de arte, aviões, computadores e fomos ao espaço sideral, tudo graças ao raciocínio. Contudo, ainda somos animais e em vários momentos nossa mente age de maneira irracional, guiando-se por estímulos ou instintos. É nesta irracionalidade que fanatismo religioso atraca suas raízes. 

Reverenciar algo maior que a própria existência é uma prática oriunda há milhares de anos, quando o homem ainda era homo sapiens e via no sol, nos mares e no clima algo que lhe permitia viver mais. Egípcios e vários outros povos adoravam o sol como um deus, já que suas colheitas cresciam com a ajuda da luz. O conceito de adoração a um deus vem milhares de anos antes de religiões como o cristianismo. A história da religião se confunde e se funde com a história da história da humanidade.  O filósofo americano William James conceitua religião como "os sentimentos, atos e experiências dos homens individuais na sua solidão, enquanto se apreendem na relação no que quer que considerem o divino". Já o filósofo alemão Paul Tillich define que "religião é o assunto último", isto é, o assunto de maior importância entre todos.

Conforme livro escrito por Chris Horner e Emrys Westacott, um fator recorrente em praticamente todas as religiões, independente qual seja, é o chamado interesse soteriológico. Palavra de origem grega que significa salvação, este conceito defende que tal salvação não precisa necessariamente ser do indivíduo em questão, tampouco envolver uma vida após a morte. Mesmo assim, as religiões incorporam a promessa que um estado melhor do que o presente. A promessa de uma vida melhor impulsiona aqueles mais propensos ao fanatismo.

Desde a antiguidade até a idade média, a igreja sempre esteve ao lado da mão que levantava a espada. Nos dias de hoje, fanáticos não usam mais espadas, mas sim toneladas de balas, bombas, dinamite e pólvoras.  Há décadas que grupos fundamentalistas promovem o terror em nome do divino. Por mais que não seja uma exclusividade das religiões islâmicas, os praticantes mais violentos estão localizados no oriente médio. O caso de Jonestown http://www.youtube.com/watch?v=BZfrqNwPpKM e  mostrou ao mundo como o cristianismo também pode extrapolar os limites da fé, como fizera nas cruzadas. O fanatismo religioso não discrimina nenhum tipo de religião. Seja para defender Alá ou Deus, seus soldados estão prontos para fazer o necessário. 

A origem da palavra fanatismo vem do latim fanaticus, que significa "o que pertence a um templo", fanum. Conforme o psicanalista e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Raymundo de Lima , o fanatismo é "alimentado por um sistema de crenças absolutas e irracionais  com o objetivo de servir à um ser  poderoso empenhado na luta contra o Mal".

Em outras palavras, o fanático realmente crê estar combatendo o mal, exorcizando o demônio, ou salvando a humanidade do apocalipse. Ele não raciocina ou dá ouvidos para outras maneiras ou formas de pensamento, ele age como se o seu objeto de adoração ou devoção fosse o único, o verdadeiro, o legítimo caminho para o paraíso.  Tal como um esquizofrênico que centraliza o mundo em seus devaneios, o fanático ultrapassa a dimensão racional.

Relatos de fanatismo religioso
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*Aluno do VII nível de Jornalismo On-Line. 

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