Júlia Fedrigo de Albuquerque
Neste mundo de comerciais de margarina, onde olhos azuis e vívidos combinam perfeitamente com os cabelos louros que levemente encaracolados molduram-se com o sorriso aberto e resplandecente da disposição de um corpo esguio e ágil, aqueles que não se enquadram nos padrões, já intrínsecos até mesmo em seres de tão idealizada pureza: as crianças são alvejadas por atos de violência física ou psicológica, muitas vezes justificados apenas como ”brincadeira”.
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Assim, pobres dos exemplares “dentuços”, “baleias”, “quatro olhos” e tantos outros integrantes das categorias comumente instituídas nos ambientes sociais infantis que, além de serem compelidos a pertencer a esta tal “normalidade”, são vítimas de perigosas demonstrações espontâneas de intolerância.
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Sim, perigosas, pois estes apelidinhos pejorativos e brincadeirinhas maldosas, que nada têm de inocentes, representam atos de violência que podem ter sérios reflexos em uma personalidade ainda em formação. O bullying, como é denominada esta prática, pode ser superada total ou parcialmente, dependendo das características individuais e das relações mantidas pelas crianças. Entretanto, se os traumas causados não forem suplantados, pode-se desenvolver baixa auto-estima, comportamento agressivo, depressão e, em casos extremos, tendência suicida.
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Segundo a pesquisa realizada pela ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência) -, entre os anos de 2002 e 2003, 60% da amostra já havia sofrido Bullying na sala de aula. Porém, se transpusermos a barreira dos relacionamentos físicos, e considerarmos o crescente acesso ao mundo virtual por parte das crianças, pode-se cogitar um número infinitamente maior de vítimas.
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Envoltos pelo manto virtual, apesar da crescente atenção despendida a ocorrência de bullying, as agressões morais podem ser amplificadas pela sensação de permanecer incógnito. A esta prática é dado o nome de cyberbullying, um desafio ainda maior a ser combatido. Nele, os praticantes utilizam as redes sociais virtuais para atingir os “escolhidos”, plantando boatos que vão muito além dos muros escolares, criando comunidades para depreciar estas pessoas e “monitorando” vidas com suas insistentes ameaças.
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Para que o bullying deixe de perturbar, uma cultura de tolerância e respeito pelas diferenças – aquilo que realmente encanta e torna prazeroso o convívio social – precisa ser construída. E isso deve ser estimulado em todo lugar, a todo momento e por todos.
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Além disso, é preciso que se construam relações de confiança com as crianças para que, caso sejam vítimas de qualquer forma de violência, sintam-se confiantes e, sobretudo, protegidas para buscar ajuda, como estimula este vídeo produzido pela organização Childnet International:
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Para saber mais sobre bullying:
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