quarta-feira, 25 de maio de 2011

O grito da boemia

Gabriela Goulart

Sensualidade, beleza selvagem, esoterismo. Características evidentes nas obras de Pablo Picasso, reconhecidas por qualquer crítico de artes. Em 1907, com Les Demoiselles d’Avignon, o espírito transgressor e a vida boêmia de Picasso foram às bases para a provocação estética e social que expressava. A marginalidade, o subúrbio e a vida mundana eram marcas de suas obras que assinalaram o início do cubismo, e como o próprio artista denominava, a fase azul e rosa. Apesar de não se prender a estilo algum e não se vincular a movimentos artísticos, ele inovou a maneira de enxergar a arte, mudou o conceito de arte.


A boemia de Paris, que regrava a vida desse “gênio da arte”, constituiu um agrupamento internacionalizado de intelectuais e artistas envolvidos com o ideário liberal, depois socialista e anarquista sucessivamente, com marcante participação nas revoluções e motins. Os boêmios tinham uma existência incerta, conforme retratado no livro da II Bienal do Mercosul, “vivendo de expedientes ocasionais, ajudando-se uns aos outros tanto quanto possível, sendo sempre muito inclinados às drogas, às reuniões eufóricas e rituais espontâneos de escândalo público, nos quais desafiavam tanto seus desafetos nas instituições oficiais, quanto os cidadãos conformados com sua vida pacata e, principalmente, as autoridades”. Ao realizar uma busca sobre nosso artista na internet, ligeiramente encontraremos menções à vida boemia e ao cubismo. Não se trata de limitar os grandes feitos de Picasso, mas sim, de destacar suas deixas mais notáveis para a história.


A Boemia dos intelectuais da antiga Paris caiu como uma luva aos latinos americanos. O bairro da Lapa, no Rio de Janeiro tem suas heranças intelectuais inspiradas neste período da França. Os brasileiros mais abastados da época se renovavam ano a ano em visitas à charmosa Paris se mantendo a par das revoluções, ideais e evoluções artísticas da época. A vanguarda como era conhecida chegou ao fim com uma campanha de difamação dos mais notórios membros da boemia e sua arte degenerada, denunciado a todos como apátridas, judeus, parasitas, agentes do inimigo cometidos de devorar os valores nacionais, anarquistas, comunistas e corruptores da juventude. O último evento cubista foi à montagem do balé multiartístico Parade, em 1916. A guerra tratou de dar fim a boemia parisiense.

Um comentário:

Airton disse...

É Gabriela, muitas caras e desejos são mostrados através de outros métodos. No caso de Picasso, foi através de suas obras. Para os latinos se buscou a moda, ou dita moda, visualizando a europa e a américa do norte. Então é assim, os tímidos que digam!!!

Abraço!

Airton